Naufrágio
Quero um amor que a voz me amordace,
Um anseio que jogue abismos em meu peito.
A esfinge não esconde sua triste face
E no seu olhar de enigma fico febre e deito.
Viajo na ferrugem, sangro e me deleito.
Aguardo a vida, no inevitável desenlace.
Quero um segredo de vento que seja conceito
Que dos mares do sonho nítido renasce.
O amor é a emoção que mais desejo;
Quero sentir o fogo único de teu beijo
Quero me inebriar nas tuas lavas de granito...
Bebo o absinto verde dos campos sem voz,
A lebre da minha febre é sombra veloz
Naufragando nas escuras ondas do infinito!