Caligrafias Do Grito
Recordo a infância em profunda solidão,
Uma dor que delata o vazio supremo.
Na esquina derradeira do tremor extremo
Chora de mágoa meu tristonho coração.
Tua carne se bifurca na constelação
De pares promiscuindo-se, no que gemo.
A morte é o espectro que em vão temo
A corroer as sombras de minha ilusão.
Ah que tristeza é o existir na ruína,
Musa que chora a chuva cristalina,
Sonho composto de íntimos detritos.
Sou poeta vão, no poente das espécies,
Gozando palavras na luz, últimas febres,
A caligrafar alfabetos, num único grito!