Sem asas

“Quero voltar! Não sei por onde vim...

Ah! Não ser mais que a sombra duma sombra

Por entre tanta sombra igual a mim!” (Florbela Espanca)

Sem asas

O ocaso vem, derruba meus castelos

E vão-se, um a um, se desmanchando,

Declínio de meus sonhos, os mais belos.

Faz parte dessa vida o vil desmando.

Qual pássaros libertos que voando

Sem asas, pois partiram por cutelo,

Em mágicos desvios, arrastando

As cores do arrebol pro amarelo.

Ruem-se ao chão meus halos num comando,

Sem risos, boca pálida em flagelo.

E o pôr-do-sol sem cor não é singelo...

A noite mias quimeras vai levando,

Inúteis meus quereres são-me quando

Só uma saudade morta é o meu anelo.

Magmah
Enviado por Magmah em 12/11/2008
Reeditado em 12/11/2008
Código do texto: T1279398
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