E se vai a primavera...
Vítima primeira se dissipa a sombra.
O sol que se assombra, ocultado, sai.
Do algodão enlutado que em gotas cai,
Vai rumo à terra, paquidérmica tromba.
Cacarejo mudo, empoleira-se o galo;
Lá na serra, cortante, rabisca o corisco;
Na baia o tordilho relinchando arisco,
Grande risco anuncia, intrépido vassalo.
Medonho ao vento e ao troar do trovão,
Zoa e vacila o matagal em tormenta.
Densa atmosfera empoeira e esquenta.
Recolho o mastro e dobro a bandeira.
Na borrasca, perdido, meu sonho calou.
Primavera finda, só saudade restou!