Eu convalescente.

Quando seu olhar incógnito me fita

E com a ânsia do mal querer se expressa,

Sou eu a causa da minha desdita

E em minha solidão estou imersa.

Quando as palavras são punhais cortantes

E na frieza do espaço cortam o vazio,

Encontram a carne macia dos amantes

Contra a dureza do coração frio.

A vida é um silêncio profundo...

Em meio ao barulho do sonho morto,

Na aridez do espaço estéril e fecundo...

Paradoxo primitivo para meu conforto

De encontro ao meu azo descontente

Na imensidão do eu convalescente.

Nísia Maria de Souza
Enviado por Nísia Maria de Souza em 23/11/2008
Código do texto: T1298840
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