Ainda vivo

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AINDA VIVO

Quando só, na lida meditando

Mudo, recordo passados dias

que, por entre dores, agonias

o meu louco ser seguiu chorando

Eu versejei sonetos mil, quando

nas tristes horas de melancolia

na vã busca d'um pouco d'alegria

muitas vezes sonetei arfando...

Nada achei que fizesse-me feliz

hoje, da tristeza estou cativo

morrerei louco, sozinho, infeliz

No auge da loucura, eis-me altivo:

padeço da ferida que mesmo fiz

sangro só para saber qu'ainda vivo

(Francisco Monteiro)

Francisco Monteiro
Enviado por Francisco Monteiro em 02/12/2008
Código do texto: T1314660
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