Ainda vivo
.
AINDA VIVO
Quando só, na lida meditando
Mudo, recordo passados dias
que, por entre dores, agonias
o meu louco ser seguiu chorando
Eu versejei sonetos mil, quando
nas tristes horas de melancolia
na vã busca d'um pouco d'alegria
muitas vezes sonetei arfando...
Nada achei que fizesse-me feliz
hoje, da tristeza estou cativo
morrerei louco, sozinho, infeliz
No auge da loucura, eis-me altivo:
padeço da ferida que mesmo fiz
sangro só para saber qu'ainda vivo
(Francisco Monteiro)