Faz teu ninho
Antes que eu me desfaça em agonia,
Vem e me toma, não deixes ser tarde.
Preenche-me o cerne e a casa vazia,
Penetra a minh’alma em sopro qu’arde.
Pois nessas horas me deságuo em mar
De surtos e de vagas impetuosas;
Em massas e ondas já a palpitar,
Espúria, marulhando, orbes tortuosas.
Vem, beija aqui meu ventre, meu umbigo,
E dorme no meu colo, de mansinho.
Eu esperei tanto pra estar contigo!
Descansa teu andar no meu caminho
Que é feito de prazeres bem antigos.
Sereno, após o gozo, faz teu ninho...