Anestésico da Alma

Como posso sofrer tanto neste mundo

Se o mesmo me deu tantas ferramentas

Sendo usadas, elas enfrentam as tormentas,

Que me molham, mas que limpam o imundo?

Eu chorando, no hospital vou por vaidade,

Quando lá, vejo a criança tão doente,

E seu pai, em desespero, tão descrente,

Que consegue não chorar por caridade.

Isto posto, chego a simples conclusão:

Nem que eu queira terei tanto amor próprio,

Sem perceber, nesse meu ato, podridão.

Que desgosto é perder esta ilusão:

Que a bebedeira não é maior do que o ópio

Que anestesia sem ter dó meu coração.

Lupo
Enviado por Lupo em 08/04/2006
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