Anestésico da Alma
Como posso sofrer tanto neste mundo
Se o mesmo me deu tantas ferramentas
Sendo usadas, elas enfrentam as tormentas,
Que me molham, mas que limpam o imundo?
Eu chorando, no hospital vou por vaidade,
Quando lá, vejo a criança tão doente,
E seu pai, em desespero, tão descrente,
Que consegue não chorar por caridade.
Isto posto, chego a simples conclusão:
Nem que eu queira terei tanto amor próprio,
Sem perceber, nesse meu ato, podridão.
Que desgosto é perder esta ilusão:
Que a bebedeira não é maior do que o ópio
Que anestesia sem ter dó meu coração.