Fome de Poesia

Ai, caro e bom poeta os teus sonetos

estão inflacionados e nada valem

e eventuais louvores se diluem,

cascata de palavras nos espetos.

Qual churrasco de gato em bar pé sujo,

o cheiro bom esconde o cruel fato,

de que o pobre animal tem carrapato,

pelada braba tem o dito cujo.

Se há fome comemos qualquer coisa,

saciados, queremos sobremesa,

uma fruta bem doce, bela cor,

ou creme onde morango bom repousa,

e pode ser que pague aqui a despesa,

após chegar a hora do licor.