Origem
"Acostuma-te à lama que te espera!"
Augusto dos Anjos,
Versos íntimos
ergui com tijolos vermelhos
paredes duras e um telhado
pintei-os inteiramente de branco
com o resto da cal que me foi legado
durante quarenta noites e dias
choveu a chuva da poesia
dessas que levam toda uma vida
como essa mesma que levou a minha
dissolveu as telhas e os tijolos
quatro paredes, telhado, tudo
tornou a ser um rubor embarrado
viver ao léu agora é o que me resta
contar com o dia que ela a mim dissolva
acostumar-me à lama que me espera