De paixões desprovido

Se baixas são as paixões, se leviandades,

Eu almejo o baixo. Ó razão, permita!

Ah! maldita! e alta! e fria! faculdade

Que não age, que perscruta, que limita...

Permita-me uma vez, ó acridade,

Que ante a decisão eu não reflita.

Suplico-te o favor, ó eremita

Que habita o sótão dos meus ossos, e arde...

Se voz e voto me não deste à audácia,

Ó acuidade, como hei de prostrar-me

Aos pés da mulher que, para amá-la,

Me o exige? Que sazão hás de dar-me

(Se me impedes a emoção e a gala)

Para dela vencer a pertinácia?

Cirilo
Enviado por Cirilo em 25/01/2009
Reeditado em 05/06/2014
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