Duas Palavras

Da palavra não quero abandono.

Se sem sono eu procuro poesia,

todavia ainda espero o outono;

tão sem dono, conjuro heresia.

Noutro dia por versos severos,

fui sincero no medo, lhe juro,

Que o escuro universo, bolero,

seja um mero segredo dum muro.

No futuro, veremos, pois cedo,

é tão ledo um engano disperso,

tão imerso nos remos torpedos,

há um dedo, do plano perverso:

é o inverso da vida que temos,

já que cremos na lida palavra.

Amargo
Enviado por Amargo em 18/03/2009
Código do texto: T1493840
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