Duas Palavras
Da palavra não quero abandono.
Se sem sono eu procuro poesia,
todavia ainda espero o outono;
tão sem dono, conjuro heresia.
Noutro dia por versos severos,
fui sincero no medo, lhe juro,
Que o escuro universo, bolero,
seja um mero segredo dum muro.
No futuro, veremos, pois cedo,
é tão ledo um engano disperso,
tão imerso nos remos torpedos,
há um dedo, do plano perverso:
é o inverso da vida que temos,
já que cremos na lida palavra.