Voo e vertigem
Escuto o estrondo de oceanos transtornados,
Um monstruoso rugido de temporais insanos.
Quero que neste tempo meu navio não tenha danos
E sobreviva nas ondas que agora afundo e nado.
Ouço a respiração de relógios preocupados
Com a morte, no naufrágio febril daqueles anos,
Quando a alma recordava seu triste desengano.
Um turbilhão de sombras num momento imaginado.
Os musgos cinzentos do tédio são o jardim
Que nasce nos lábios dum gracioso querubim
E brotam como a prece de lábios na neblina.
O gelo escuro do teu pranto me comove
E antes que a tristeza em que a vida se dissolve
Seja o cosmo em agonia, voo que não termina!