Voo e vertigem

Escuto o estrondo de oceanos transtornados,

Um monstruoso rugido de temporais insanos.

Quero que neste tempo meu navio não tenha danos

E sobreviva nas ondas que agora afundo e nado.

Ouço a respiração de relógios preocupados

Com a morte, no naufrágio febril daqueles anos,

Quando a alma recordava seu triste desengano.

Um turbilhão de sombras num momento imaginado.

Os musgos cinzentos do tédio são o jardim

Que nasce nos lábios dum gracioso querubim

E brotam como a prece de lábios na neblina.

O gelo escuro do teu pranto me comove

E antes que a tristeza em que a vida se dissolve

Seja o cosmo em agonia, voo que não termina!

Luis Felipe Saratt
Enviado por Luis Felipe Saratt em 03/04/2009
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