SONETO NÚMERO 11 – abril/maio de 1952


 

Enfim, veio o dia do embarque num vapor misto,
Carga e passageiros. Nas mãos do prático
Aportou e a estiva lançou a embira. Nisto,
Descia a âncora e se desligavam máquinas.
 
Carga para lastrear, frutas do breu e xisto,
Baús e malas duras, das amarelas,
E a escada de corda, e o casal benquisto,
Há um fado na cabeça, uma abalroadela,
 
Desculpas, uma posição sem riscos,
Estudam-se as escotilhas e janelas,
Vêem-se despreparados e alguns ricos,
 
Acomodados, entre bolsas e panelas,
Lá de dentro da sua roupa de salpicos,
O capitão em todos vê u’a só aquarela...


Partida dos migrantes da Ilha da Madeira para o Brasil, num barco vindo da Itália que captava passageiros pela trajetória.
José Carlos De Gonzalez
Enviado por José Carlos De Gonzalez em 05/04/2009
Reeditado em 29/04/2009
Código do texto: T1524239
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.