Sertão
Trabalhando sem ter a liberdade,
Plantando o que se come na cidade,
Vivendo o que se vive com saudade,
Morrendo de velhice sem idade.
Calejadas são mãos que sem carinho,
Manejam a enxada com jeitinho,
Abrindo entre as matas o caminho,
Sentindo-se tão só sem ser sozinho.
Seu tempo nesta vida vai morrendo,
Sol-a-sol só família lhe interessa,
Que de fome ao menos não mais morre.
Este homem que parte não sabendo,
Que é tão pouca a vil terra que lhe resta,
Pouca terra honrados ossos cobre.