Sobre a lâmina doce do rio...
O coração aperta um pouco... As relações do homem com a sua fé
A alma está inquieta e se agita sob a cortina do medo inconsciente
Mas, a poesia lhe chama, e se transforma em chama, e chama-maré
E vai deslizando sobre a lâmina doce do rio em seu leito dolente.
A história se confronta, é o passado e o presente sobre os altares,
Constatamos a grandeza do desenvolvimento com sua face arrojada
Contrastando com a miséria regada de lama sob nossos olhares
O crescimento vertical contra as palafitas da verdade mascarada.
Quem passa ao largo não imagina o odor fétido do rio poluído
Que em sua agonia reclama sua sorte no ombro amigo do mar
E as duas forças na antítese da alma humana encontram abrigo...
Doce e salgado num abraço de respeito e mistura, transformam
Em mangue suculento a vida que surge na diversidade do novo lar
E a poesia ouve o sussurro de lamento das margens que choram...!