Apelo ao deus Chronos
Ah, tempo, tu consomes meus ensejos,
Somente fazes deles o desvelo
Teórico, calado por meus pejos,
E acalmas-me o espírito ao não crê-lo.
Então dá-me o arrimo e o consolo
Na cura pra melancolia vã,
Pro ter saudade, sentimento tolo,
Que é febre inulta, estéril e tão malsã!
Desdém pra crença na felicidade,
Ignoto desespero em agonia,
De um’alma torturada e assim vencida.
Abstém-me da absurda hilaridade,
Do escárnio e da ridícula ironia
De eu reputar-me morta em plena vida.