Anjo

Sopra o vento nos morros descampados

Sem que árvore o cubra com sua sombra

E a poeira arrancada nos assombra

Como arde nos olhos inflamados

E se a dor é profunda e, ensimesmados,

Evitamos olhar nessa penumbra

Pelo estrago já feito, seja Alhambra,

No Brasil, Portugal, embasbacados,

Temos fé que o futuro é dourado

Destruído o planeta os nossos sonhos

Voarão pelos ares sem socorro

Os espíritos tontos e tristonhos,

Na espera do anjo bom alado

Que virá ao nascer árvore no morro.