Os tolos morrem antes

Murmuravam palavras nos ouvidos

Daqueles destinados ao suplício,

Que o futuro dourado sem vício

Poderá amparar aos escolhidos

Os que são queridinhos, abatidos,

De outro deus, ele peça de artifício,

Um objeto, cruel sacrifício,

Que se entrega, corpo e alma feridos.

No conflito redime-se com sangue,

Mesmo aflito, o sentir perpassa errante,

Como fosse o bater de asas de azar,

Que revelam a morte, ser já exangue,

Que se esvai, com um sopro, com pesar,

Pois os tolos costumam morrer antes.