Soneto

Voz de Anjo, doce anjo na cara!

Sendo apenas bom, e mau juntamente;

anjo bondoso e mau angelicalmente;

a quem, se não em vós, tudo se juntara:

Quem nunca vira um anjo tão luzente,

que não ajoelhasse e a ele idolatrara;

e quem vira tal mau, que não pecara,

temendo não ter esse alvo crescente?

Pois, se como anjo sois de meus pecados,

foreis minha defesa, e minha armada,

resgatando-me de amores passados,

mas vejo, que por bela, e ser tão amada,

penso que os anjos nunca são alcansados

sois anjo dos céus, não de minha estrada.

Aprendiz
Enviado por Aprendiz em 01/06/2009
Reeditado em 03/06/2009
Código do texto: T1626958