Sempre há uma manhã!
A noite vem sempre tal suave e doce companheira,
esconde sua face mortal na palidez, é vil, é fingida,
se faz de morna, mas é traiçoeira, me abre a ferida,
dessa solidão triste que faz de mim sua prisioneira.
Quando o raiar do dia me traz os ufanos bem te vis
e o sol com seu calor liberta e rasga o véu tristonho
dissipando no ar todo o embalo do cansado sonho
algo silencia dentro mim, é minha dor que jaz infeliz.
Mas, se surge diante de mim a imagem da poesia
e os versos se recompõem uma a um, tal fios de prata
o sorriso vence e todo o ser se transforma em alegria...
que veste de felicidade a nudez da alma que se entrega
no idílio da ilusão que a solidão alimenta e maltrata
mas, é feliz sim, e nessa esmola de amor se completa.