A Espada e o Escudo

Convivemos qual débeis plebeus

Que miram reino falso e aparente.

Dois ateus que, de frente pra Deus,

Dão-lhe as costas, blasfemam descrentes.

Barcos que singram rios diferentes,

Velejam sós, se perdem no breu.

Semicegos buscando o afluente,

Desencontro perene e sandeu.

Se as barcaças se afastam no embate,

Culpo os ventos que as velas distraem,

Desviando os navios do seu porto.

Dois guerreiros, flertando em combate,

Mesmo assim nossas armas se atraem,

Num duelo extasiado e absorto...