A UM CORAÇÃO QUE SOFRE

Tu me prometeste, coração, nunca mais meu peito oprimir nem meus olhos marejar,

Prometeste, disseste tudo aquilo, acho que apenas para me consolar...

Pois ainda sinto o peito arder, meio descompassado bater, quase querendo parar.

O que é isso, estás brincando comigo, queres de novo me enganar?

Olha, meu coração, faz isso comigo não; é certo que eu mereço...

Não te tenho cuidado com apreço, mesmo sem querer esqueço

Que não devo me lançar em perdidas batalhas, dar o pescoço à navalha, do frio aço de um amor mal correspondido.

Mas saiba, coração, se sofres, também sofro eu; se tu amas sem freio, sem rédeas

Eu , do meu lado me apego a um sofrer e penar sem tréguas...

E desse impossível amor, mesmo que a distantes léguas, quero sempre mais perto ficar...

E como disse o poeta, “Amar é sofrer, não amar é sofrer mais”, prepara-te, cuida-te

Fica bem quieto, mas não pára de bater, te peço; e saiba que mesmo não querendo sossegado ficar,

Dentro do meu peito sofrido e doído, junto a outro coração, tu hás de sempre estar...

JOSÉ MERCES
Enviado por JOSÉ MERCES em 25/07/2009
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