A UM CORAÇÃO QUE SOFRE
Tu me prometeste, coração, nunca mais meu peito oprimir nem meus olhos marejar,
Prometeste, disseste tudo aquilo, acho que apenas para me consolar...
Pois ainda sinto o peito arder, meio descompassado bater, quase querendo parar.
O que é isso, estás brincando comigo, queres de novo me enganar?
Olha, meu coração, faz isso comigo não; é certo que eu mereço...
Não te tenho cuidado com apreço, mesmo sem querer esqueço
Que não devo me lançar em perdidas batalhas, dar o pescoço à navalha, do frio aço de um amor mal correspondido.
Mas saiba, coração, se sofres, também sofro eu; se tu amas sem freio, sem rédeas
Eu , do meu lado me apego a um sofrer e penar sem tréguas...
E desse impossível amor, mesmo que a distantes léguas, quero sempre mais perto ficar...
E como disse o poeta, “Amar é sofrer, não amar é sofrer mais”, prepara-te, cuida-te
Fica bem quieto, mas não pára de bater, te peço; e saiba que mesmo não querendo sossegado ficar,
Dentro do meu peito sofrido e doído, junto a outro coração, tu hás de sempre estar...