Quem à pura volúpia o seu segredo entrega...

Quem à pura volúpia o seu segredo entrega

Da inocente tormenta se diverte em beijo

Como a trama de um canto indiferente enleva

Se agita sem cessar enquanto é só desejo

E a pira mais sagrada peca e a lei deserda

E o corpo todo arde com um louco arpejo

E num compasso atroz daquela pose amada

A tatear-lhe as formas é porque me arquejo

Quisera eu sabê-lo pelos meus espelhos

Qual sente uma rainha em languidez tão certa

Para poder senti-lo entre os meus joelhos

Meu violento sol que o querer me acerta

Ao vê-lo na cadência em que molham os pelos

Largo tesão que cresce quanto mais me aperta

Miguel Eduardo Gonçalves
Enviado por Miguel Eduardo Gonçalves em 09/06/2006
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