Lembrança II
As noites se acenderam no pavio
Dos corpos que de nós se desprenderam.
E os séculos passados só nos eram
História preenchida de vazio.
Sentindo fundo o justo desvario
De o mundo se não estender pra além
Do leito que nos aquentava, nem
Lembrou-nos que lá fora havia frio,
Que ainda a mesma trama de saudades,
Urdidas pelas multidões sozinhas,
Cobria-lhes as vis realidades.
E te voltaste para a tua vida,
E eu me deitei nestas catorze linhas
Que escrevo só pra te lembrar despida.