Uma prece
 
 
Pai, me abençoa co´esse dom do esquecimento
porque preciso assimilar o que é perdão.
Em minhas costas inda há tantos ferimentos
que não me deixam esquecer punhais e mãos.
 
Eu Te confesso que o maior dos sofrimentos
não vem das chagas, que inda muito sangrarão.
Vem das lembranças do total alheamento
de quem, sorrindo, torturou-me o coração.
 
Oh Pai, me ajuda, que eu preciso ter a paz
de não pensar que essa vileza fique sem
a justa paga pelo mal que sempre trás.
 
Não há impunes, nem imunes há, também!
Na tua lei o mal não vence; não, jamais!
Dá-me essa fé que Tu mereces, Pai. Amém!