MENINOS DE RUA
Eles correm aflitos em meio aos carros
e, súplices, exibem chicletes e balas,
embora sujeitos a troças e escárnios
arriscam a vida vendendo baganas
Ou trabalham ou furtam, ou apanham
dos pais, e, coitados, após o intenso labor
a eles entregam o dinheiro que ganham
e do fruto da faina não sentem o sabor
São crianças sem rumo, o futuro é sofrer
no rosto o esgar, seu amor, o desprezo
Não vivem, vegetam, não têm bem-querer
E ali, entre os pneus, sonham quimeras
sendo crianças só desejam brinquedo
e buscam ser gente na maior das misérias