Outra noite e dia

Outra noite e dia

A nuvem, antes cinza, jaz no breu,

Enquanto, lá do alto, se insinua.

Parece até que sabe que sou eu

Quem deu seu corpo ao sol e a alma à lua.

O vento calorento cede à brisa

E o mar engole o céu cheio de cores.

Longínqua, a branca estrela, enfim, me avisa:

- A vida é muito mais que teus amores!

A lua olha as flores que, sem graça

Disfarçam sua atroz melancolia.

A sombra de outra noite as ameaça.

O sol levou o que lhe pertencia:

As cores, o calor e minha escassa

Quimera, que se esgarça ao fim do dia.

(Djalma Silveira)