Primavera à Sísifo

São flores à Sísifo, aos querubins,

Aos pedregulhos que não falam

E ao titã de pedras que ceifam

Todos os olhos e seus belos fins.

São rosas à Hera, aos alerquins,

Às colombinas que não dançam

E à Orpheu, elas não se tocam,

E nem Eurídice saberia bem sorrir.

São estátuas de mármore ao céu

Cobertas de vinho tinto e de fel

E de libações vis de longe, distante;

São tantos olhos de sem formas

Que não se olham às suas voltas

Perdem-se, ecoam-se: num instante.

Valdemar Neto
Enviado por Valdemar Neto em 22/11/2009
Código do texto: T1938002
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