Justa recompensa

Recebe velha terra esse cadáver,

Que velho encontra abrigo nos teus dentes

Como fosse uma larva de um ente

Um pobre ser de luto sem caráter

Um corpo apenas, fraco, luz sem starter,

Que jaz tal qual objeto, penitente,

Mais nada espera, vida, ou mesmo sente,

Esvai-se todo o óleo em seu cárter.

E justo quando chega ao seu final

Ainda quer das dores gratuitas

E sofridas a justa recompensa.

E pensa, com pensar suprarreal:

Mais valem muitas dores fortuitas

Surpresas, repentinas, que a descrença.