SOLIDÃO A DOIS
Olhando a mesa farta eu sinto fome,
devoro a solidão dentro de mim,
eu sou sombra e me perco sem ter nome,
sou como a folha seca no jardim.
Sou resto de canção em meio à festa,
cujo som, estridente, me abafou...
Eu sou a rosa murcha na seresta
que o poeta, em delírio, versejou.
Vou correndo e riscando as minhas fugas,
sem desvio, colhendo as minhas rugas,
na solidão a dois, vago sozinha...
Na rampa afunilada eu peço ajuda,
pisca um traço de luz, algo, então, muda,
fico olhando a imagem que agora é minha.
Dáguima Verônica de Oliveira