SOLIDÃO A DOIS

Olhando a mesa farta eu sinto fome,

devoro a solidão dentro de mim,

eu sou sombra e me perco sem ter nome,

sou como a folha seca no jardim.

Sou resto de canção em meio à festa,

cujo som, estridente, me abafou...

Eu sou a rosa murcha na seresta

que o poeta, em delírio, versejou.

Vou correndo e riscando as minhas fugas,

sem desvio, colhendo as minhas rugas,

na solidão a dois, vago sozinha...

Na rampa afunilada eu peço ajuda,

pisca um traço de luz, algo, então, muda,

fico olhando a imagem que agora é minha.

Dáguima Verônica de Oliveira

Dáguima Verônica de Oliveira
Enviado por Dáguima Verônica de Oliveira em 10/01/2010
Código do texto: T2022021