Mãos que tecem
Repente, a Roda faz andar a nossa vida
E, ponto a ponto, vai cosendo num bordado
Feito por dedos calejados com a lida,
Um só destino, crochetado e costurado
Em fios de renda, refazendo os nós desfeitos.
Se a linha é curta, o Artesão põe mãos à obra,
Desfia e monta mais um rolo que é imperfeito.
A perfeição é a perspectiva que nos sobra,
Pois não existe, e já sabemos que não há...
Mas disfarçamos, aos remendos, nossos panos
E nos cobrimos com farrapos destroçados.
Se a fibra é forte, no tecido ficará
Firme o sagrado, emaranhado com o profano.
Não cabe a nós o palpitar nesse traçado.