SONHOS, SAUDADES E... JILÓ (PARTE 2)
Daquela vez o menino ficara para trás, os outros iam bem à frente,
Distraíra-se perseguindo borboletas, atirando pedras em passarinhos.
Era um menino diferente dos outros, cabeça nas nuvens, sonhador...
Encantava-se facilmente, qualquer coisa lhe desviava do caminho
O grupo que puxava a marcha estava apressado, queria cumprir logo a jornada.
O sol já ia alto, perto das quatro da tarde; um outonal, quase invernoso vento,
Infiltrando por entre o taquaral, sacudia as hastes flexíveis; e os galhos,
Ora tocando o chão, ora se elevando às alturas provocava um estranho bailado
E tudo aquilo, somado ao canto lamurioso de um inhambu num bambuzal além,
Provocava suspiros na alma do distraído infante,
Que definitivamente do grupo se afastara a ponto de não mais enxergar ninguém
E o adulto chefe do grupo, que de alma de criança nada entendia, o passo detém e espera
Passa um pito no menino e esbraveja: com a gente você não vem mais, volte só!
Foi a segunda vez que comeu jiló...
29.03.2010