Ao me afastar eu sempre rasgo um pouco

Ao me afastar eu sempre rasgo um pouco,

Pois minha alma se colou na dele.

Plangendo nela há um soluço rouco

Que regurgito e que me cospe à pele.

Vai me tomando um sentimento insano,

Barbarizado, que me amarra e prende.

Aguça a mente, poderoso arcano:

Chama que oscila nesse apaga-e-acende.

E eu sempre remendando com esmero...

Por puro acaso consertado fica,

Pois que a costura não se faz certeira.

Mas hoje precisei, no desespero,

Propósito que já por si se explica,

Assim, de súbito, rasgar-me inteira.