Minha Musa

Vi-te, a princípio, sobre mim pairando,

Como subtil e dúbia nebulosa,

E julguei-te uma imagem vaporosa

Que se apagasse ao zéfiro mais brando...

Mas, atento, fitei-te os olhos, quando

Vi que a forma tomavas de uma rosa;

Pasmei, depois, com ver-te mais formosa,

Numa expressão de estrela, rebrilhando...

Cego fiquei de vista deslumbrada,

Dentro do sonho em que ainda estou vivendo!

Pois essas variações, Musa encantada,

São, no teu vulto que, hoje, enfim compreendo,

Feições supremas da mulher amada

– Braços abertos para mim descendo!