Laço Eterno

Meu ser é a hesitação de um vaga-lume;

- Luz, quando vens, e – trevas, quando vais.

E sempre a escuridão em pânico presume

Que um dia a luz, por fim, não brilhe mais!

Vens e a esperança vem – manhã, que assume,

Si voltas, logo uns ares vesperais:

Em saudade se esvai, como, em perfume,

Se desvanece o encanto dos rosais.

Enche dessa manhã nossos destinos;

Os meus, como os teus lábios peregrinos,

- Nem digam “eu” nem “tu”, mas sempre “nós”.

Si sofrermos, melhor: O amor na Terra,

Só bem se exprime por um – ai – que encerra

Duas vogais no mesmo tom de voz.