Soneto da tristesa

Parca poesia escorre em minha boca

Feito favos de fel tão dissonantes,

Que o mel, já azedo e repugnante,

Só reluta e produz palavra roucas.

Que poeta sou eu que engole o vento

Quando o tempo se fecha no horizonte,

Quando há nuvens negras sobre o monte

Donde vem o socorro pronto e atento?

É que tudo se envereda em banca rota,

Não se pode acreditar no ser que pensa,

Que são seres desumanos, desalmados.

A mentira corre aí tão bela e solta,

A verdade, encolhida em treva intensa,

já não alça mais a voz por sobre os prados.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 18/05/2010
Reeditado em 14/07/2010
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