Um velho

Ouço em surdina, enquanto a plena lua

banha a face da terra adormecida,

alguém contar de um bem, da mais querida,

na pequenina praça ao fim da rua.

Quem é esse que, de forma tão sentida

e saudoso da graça que foi sua,

diz frases onde o pranto se insinua

e rasga cicatriz de minha vida?

Doces lembranças vêm abrir-me a porta...

Longe a imagem de um velho erguendo a taça

de emoção que julguei há tempos morta.

Ando até a ele e o enigma me apavora...

Na solidão em que se encontra a praça,

vejo o meu triste coração que chora...

Reginaldo Costa de Albuquerque
Enviado por Reginaldo Costa de Albuquerque em 18/05/2010
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