Um velho
Ouço em surdina, enquanto a plena lua
banha a face da terra adormecida,
alguém contar de um bem, da mais querida,
na pequenina praça ao fim da rua.
Quem é esse que, de forma tão sentida
e saudoso da graça que foi sua,
diz frases onde o pranto se insinua
e rasga cicatriz de minha vida?
Doces lembranças vêm abrir-me a porta...
Longe a imagem de um velho erguendo a taça
de emoção que julguei há tempos morta.
Ando até a ele e o enigma me apavora...
Na solidão em que se encontra a praça,
vejo o meu triste coração que chora...