Senhora Saudade

Musa bela, à qual este vers'estais,

que mais pura não pode urdir o amor,

teu olhar acode meu tenro torpor

da terra sobe à dor qu'em mim sentais.

Rogo ind'à quem me ouv'e por versos tais

meu vagido pueril medr'em ardor.

E mesmo que m'invad'à falta, oh flor,

rogo ind'à este amor que de vós restais.

E que seja dele um pouco celeste

tod'à onda de lembranç'e de verdade

que, por dias, comigo vós viveste

e viveste no alvor da lealdade

com júbilo e glória, à que mereceste

esta senhora hora da saudade.

Aprendiz
Enviado por Aprendiz em 31/08/2006
Reeditado em 31/08/2006
Código do texto: T229873