AINDA ANTES DO AMANHECER
 
Nem mesmo um gemido ouça agora
de algum amor que reste de esperança,
porquanto se há motivos de ir embora
dispense algum gozo da lembrança.
 
Nem lenços, nem adeus, parta vazia,
nem lágrimas (quisera alguma ter
que se fartasse em verso e poesia)
melhor assim ... no tempo há de esquecer.
 
Se escrevo faço só por teimosia
de mãos desse escrever habituadas
a noites e mais noites acordadas
 
que ao ver chegado o fim da agonia
enterra sua rima em letra fria
em véspera de novas madrugadas...