Primavera
Oh tão pálidos lábios que te afloram!
Liliáceos, teus lábios se me pendem.
E, em se vergando ao meu desejo, douram
A primavera amorosa que pressentem.
Esvai-se-te inocência virginal?
Que importa? A morte te a retornará.
Que por ora não se figure um mal
O gozo raro que a existência dá.
Quedemo-nos ao leito nem tão alvo,
Como juncados sobre estéril chão,
Nostálgicos da antiga florescência
Que ligávamos (sonhos! ilusão!)
Ao mundo agora cada vez mais calvo
De beijos como os nossos em fluência.