Primavera

Oh tão pálidos lábios que te afloram!

Liliáceos, teus lábios se me pendem.

E, em se vergando ao meu desejo, douram

A primavera amorosa que pressentem.

Esvai-se-te inocência virginal?

Que importa? A morte te a retornará.

Que por ora não se figure um mal

O gozo raro que a existência dá.

Quedemo-nos ao leito nem tão alvo,

Como juncados sobre estéril chão,

Nostálgicos da antiga florescência

Que ligávamos (sonhos! ilusão!)

Ao mundo agora cada vez mais calvo

De beijos como os nossos em fluência.

wsdafae
Enviado por wsdafae em 05/07/2010
Reeditado em 09/07/2010
Código do texto: T2360303