Pandora

Halo de vida que te toma e contamina,

qual brisa indômita em seu sopro benfazejo,

que tu não sabes de onde vem, mas que ilumina

uma faísca, nos teu olhos, de desejo...

Sou eu, que às vezes me transformo em animal

e até assusto... Desmascaro e deixo exposta

a fera solta que é volátil, que faz mal,

te prejudica, que é danosa, mas tu gostas.

Conceito vago que é abstrato, sem sentido,

- faca afiada, perigosa e fascinante -

casta imprudência visitante de ti mesmo...

É deliciosa essa certeza de ter sido

gosto de sangue na tua boca delirante,

o susto atávico que mais te pôs a esmo.