Espectro nostálgico

Ah que saudades tenho de tempos em que não vivi,

Sinto nostalgias de continentes que nunca visitei,

Vazios incomensuráveis com que sempre sofri,

Sem saber detalhar pra, pelo ou do que sonhei.

Mas hoje após tu ter reaberto meu museu de feridas,

Percebo que minha insatisfação é com este século,

Onde as pessoas são cruéis com as alheias vidas,

Distorcendo a realidade até com um espéculo.

E se meus versos são a causa de muitas frustrações,

Bendigo que aquelas que não gostaram da poesia,

São as que sofreram e tiveram internas decepções.

Porquê de imaginar que daqui não sou filho do pleito,

Sou dos saraus, das serestas, da época das rimadas,

Quando a gentileza imperava, pois havia respeito.