O CEGO ADERALDO* [c/ o acréscimo de uma cronologia]

Legendária figura de cantor,

cantador de viola nos sertões,

nas cidades, nas várzeas, chapadões,

um titã, mestre do improvisador.

Da viola e rabeca, aos borbotões,

suas rimas e motes – um primor! –

saltitavam, timbrando mais calor

do poeta às pelejas e canções.

Era o Cego Aderaldo, o nordestino

que mais pôde vencer competidores;

portanto, em desafios, um gigante.

Aos violeiros surrou, com desatino,

já, por isto, o melhor dos cantadores

– de luz interior o mais brilhante.

Fort., 09//09/2010.

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(*) Emblemático homem das cantorias

de viola nordestinas, o Cego Aderaldo

nasceu no Crato/CE. Pisou o pó de

inumeráveis estradas, inclusive no Pará,

mas se fixou em Quixadá/CE. Aí, como

filho adotivo da cidade, ganhou está -

tua gigante. Era um fenômeno como

improvisador. É célebre a sua bata -

lha verbal, com um cantador negro de

fama, cujo desafio leva o título de PE-

LEJA DO CEJO ADERALDO COM ZÉ PRE-

TINHO DE TUCUM. A arrogância de Zé

Pretinho derrubou o próprio homem do

cavalo. O Cego deu de chinelo no vai-

doso, que saiu de rabo entre as pernas

da cantoria na sala de um potentado

fazendeiro.

“C R O N O L O G I A

1878 Nasce no Crato, em 24 de junho,

Aderaldo Ferreira de Araújo, o Cego

Aderaldo.

1880 Vai morar em Quixadá. Lá, o pai

sofre uma congestão que o deixa mu-

do, surdo e aleijado.

1883 Começa a trabalhar para ajudar a

família.

1896 Seu pai falece em 10 de março.

1896 Em 25 de março seus olhos "es -

touram" e, em agosto, está completa -

mente cego.

1897 Sonha cantando, ganha um rebeca

de presente e inicia suas cantorias.

1898 Sua mãe morre e ele dá início a su-

as andanças.

1906 Vem para Fortaleza.

1907 Volta pro sertão. Sem morada fixa,

cantando em várias cidades.

1914 Fixa-se em Quixadá.

1915 Seca do Quinze. Fugindo dela, mi -

gra para o Pará.

1916 Em Belém, ganha do amigo corde -

lista, Firmino Teixeira do Amaral, o cor-

del: "Peleja do Cego Aderaldo com Zé

Pretinho do Tucum" (todo mundo tem a

peça como sendo do próprio Cego; esta

observação não é da nossa fonte).

1919 Retorna para Quixadá.

1923 Já famoso, encontra-se com Padre

Cícero (Romão Batista).

1924 Possível encontro com Lampião.

1931 Passa a percorrer o sertão com um

gramofone, tocando discos para os ser-

tanejos (e também cantando).

1933 Percorre novamente o sertão. Desta

vez, com um projetor cinematográfico, a

exibir filmes.

1942 Estabelece-se em Fortaleza com uma

mercearia.

1943 Falido, (de tanto vender fiado), fecha

a mercearia e volta a cantar pelo Nordeste.

1945 Para de aceitar desafios.

1946 Participa, no Theatro José de Alencar,

em Fortaleza, do Primeiro Congresso de Can-

tadores do Nordeste. Divide o primeiro prêmio

do Congresso com Otacílio Batista.

1949 Viaja para o Rio de Janeiro, em compa -

nhia de outros cantadores, onde faz várias

apresentações.

1951 É condecorado com a medalha de ouro,

conferecida pelo Banco União, no programa

"Galeria de Honra", da Ceará Rádio Clube.

1960 Nova viagem ao Rio de Janeiro. Vai a

Santos. Juscelino Kubitscheck, por decreto

publicado no Diário Oficial da União de 12

de abril, através da lei Nº 3.749, concede -

lhe uma pensão de 5000 mil cruzeiros men-

sais.

1963 A Imprensa Universitária do Ceará-UFC

publica o livro: "Eu Sou o Cego Aderaldo".

1967 Cego Aderaldo falece em 30 de junho,

em Fortaleza, aos 90 anos de idade.

1969 Falece Rogaciano Leite, no Rio de Ja-

neiro (amigo do Cego e o maior divulgador

da importante obra deste).

1979 O médium paulista Jorge Rizzini psico-

grafa versos de Cego Aderaldo.

1981 É inaugurada, em Quixadá, uma está-

tua de 4m do Cego.

1944 É publicada a 2ª edição de "Eu Sou o

Cego Aderaldo", pela editora Maltese, com

apoio da Fundação Waldemar Alcântara e

do Governo do Estado do Ceará.”

[A cronologia integral foi extraída do livro CEGO

ADERALDO, de autoria de Cláudio Portella, pelas

Edições Demócrito Rocha, em Fortaleza, 2010,

coleção "Terra Bárbara". Agradeço ao Autor por

esta transcrição que, aqui, faço]

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 09/09/2010
Reeditado em 09/09/2010
Código do texto: T2487351
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