Lamento

Nessa antiga arte os cantos meus,

Procuram as divindades dos fados,

Temeroso que sejam destemperados

E mau ritmados os versos ateus;

Não me importa o tempo que custe,

E não me vejo satisfeito tão cedo;

Confesso mesmo que dou fino ajuste,

Ao caos do pensamento e ao medo;

Tenho receio que me não agrade

O resultado deste intenso labor;

Já o respeito à divina herdade,

Com ligeiro tato e pouco amor

Me tira do peito esta verdade;

O lamento de um velho cantor!

boreto
Enviado por boreto em 10/09/2010
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