Lamento
Nessa antiga arte os cantos meus,
Procuram as divindades dos fados,
Temeroso que sejam destemperados
E mau ritmados os versos ateus;
Não me importa o tempo que custe,
E não me vejo satisfeito tão cedo;
Confesso mesmo que dou fino ajuste,
Ao caos do pensamento e ao medo;
Tenho receio que me não agrade
O resultado deste intenso labor;
Já o respeito à divina herdade,
Com ligeiro tato e pouco amor
Me tira do peito esta verdade;
O lamento de um velho cantor!