Soneto a Ela

Houve um silêncio na madrugada gritante do coração

Que envenenou meu olhar com beleza e desejo:

Nas leves hastes de um navio à deriva, me levou órfão

Ao desconhecido vale das dores cultivas de arejo.

Que no sentir me foi frio como um cadáver nu à noite

De um inverno sem fim nem começo, chamado inferno!

E a que temo, se foi ela quem me arrancou a veste

E cobriu-me no que sou em efêmero por entregar-me ao veneno?

E o que sou não me coube esquecer, mas ela sabe

Que dentro desta cova ainda cabe

Aquele amor que trouxe ela a mim.

Pois se foi eu o enterrado aqui, faça-me companhia:

Dos presságios cubra-me, das dores sara-me

E da maldita? -ela, sobre mim escarre sempre em fronte minha.

Luan Santana
Enviado por Luan Santana em 04/10/2010
Reeditado em 04/10/2010
Código do texto: T2536423
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.