LAMENTO
Não há coração que resista incólume,
Face a funestas palavras destiladas,
Com força lançadas, cravadas de gume,
Tal qual navalhas afiadas.
Retorcida e esmagada a nutrida afeição,
Na retórica de equivocadas sentenças esculpidas,
Apodera-se da alma a frustração,
Aflorando-se frondosas feridas.
Jazido teu sentimento de piedade,
Engajado na insensatez da arbitrariedade,
Fincaste-me última adaga, sem piedade.
Nas asas de um amor que teimava em renascer,
Em perfídia dolosa minh’alma senti esvaecer,
E então experimentei a decepção, que me fez morrer