Serrote Cego
Sharik Letak


De que me serve esta paixão rasteira
Pior que gume de serrote cego?
O vai-e-vem mal risca a madeira
Por mais que ferro na madeira esfrego.


A serra cega só faz a zoeira.
Dá-me gastura e eu a renego.
Cai fora, chispa, paixão encrenqueira,
És fardo morto que há muito carrego.


A ferramenta só me azucrina,
É um estorvo na minha oficina,
Só serve mesmo pra jogar no lixo.


Paixão grudenta de um amor sovina,
Que me vem do riso daquela menina,
Que maltrata a gente por puro capricho.


São Paulo (SP), 20 de outubro d 2010. (13:54 hs)