SONETO DA PURIFICAÇÃO

SONETO DA PURIFICAÇÃO

Francisco Miguel de Moura

Poeta brasileiro

Não deu aquelas coisas imprecisas

Nem certezas felizes de algibeira;

deu a camisa que cobria o peito:

– Uma clara bondade sem enganos.

Deu a palavra que abre uma esperança,

desfaz mistérios, medos e aflições;

e ficou triste sem saber porque

uns são malvados, outros são tiranos.

Deu aos bons e aos maus, a toda hora,

sem cansar-se da luta, desafiando

as queixas, os tropeços e murmúrios.

Deu, por fim, o seu próprio travesseiro,

sem esperar um gesto agradecido...

E enfrentou a dureza do chão puro.