Descontínuo

Descontínuo

Pedaços de lembranças se desgarram da memória

Pequenos fragmentos do infinito do meu ser

Instáveis capilares que sustentam nossa história

Tão frágeis quais pilares incapazes de conter

O peso de viver em seus contextos tão complexos

Que, como fios finos de intocáveis violinos

Nos ligam aos momentos que, imóveis e perplexos

Se unem num sem nexo e incompleto descontínuo

A vida não tem fim em nem tampouco tem começo

O tempo não existe e não há nada além de agora

Acorda, pois a hora é fina corda de tropeço

Cuidado que este fardo que carregas não te ancora

E vive a vida simples - já não há o quer ver no avesso

Pois tudo que te encontra é pra lembrar que foi embora

(Djalma Silveira)